Crítica: Godzilla

Existem dois tipos de filme catástrofe: os que o Presidente Americano (Independece Day, Impacto Profundo) salva o mundo e os que são vistos sob a ótica de cidadãos comuns (Guerra dos Mundos, O Dia depois de Amanha).  O segundo tipo sempre me atraiu mais, afinal de contas, não sou norte americano para achar que o Obama é um super herói, como são os presidentes retratados nesses filmes.

O filme que mais acerta nesse sentido, em minha opinião, é Guerra dos Mundos: Ali, acompanhamos as dolorosas mudanças advindas de uma situação como aquela (ameaça alienígena) não a nível governamental, e sim, a nível familiar. A sensação de impotência é a tônica do filme e, lá pelo meio da projeção, já sabemos que o Presidente nada vai poder fazer.

O mesmo ocorre em Godzilla (dirigido por Gareth Edwards): esqueça Barack Obama, US Navy, Marines; contra a força da natureza, não há o que fazer.

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I am the Danger

Durante a cena de abertura, somos levados a uma espécie de “retrospectiva Godzilla” e descobrimos que o perigo sempre existiu e que os testes nucleares no pacífico eram, na verdade, ataques ao monstro. Também descobrimos que o governo criou uma agência secreta para tratar do assunto, a Monarch.

Em seguida, somos catapultados para 1999: Os cientistas Ishiro Serizawa e Vivenne Graham (Ken Watanabe e Sally Hawkins) estão nas Filipinas, para investigar um esqueleto gigante que abrigava dois casulos. O problema é que um dos casulos estava vazio.

Enquanto isso, no Japão, somos apresentados ao casal Joe e Sandra Brody (Bryan Cranston, atuação soberba, e Juliette Binoche); ambos trabalham na Usina Nuclear de Janjira. Usina essa atingida por um forte terremoto, que foi desencadeado em virtude do evento nas Filipinas.

Tempos depois…

Quinze anos depois, temos um Joe amargo, que vive remoendo as dores daquele dia trágico: ele se tornou um obcecado por teorias conspiratórias, padrões sonoros, comunicação ecossistêmica (seja lá o que isso queira dizer) ao ponto de ter certeza de que o que atingiu o Japão, em 1999, não foi apenas um simples terremoto. E é aí que o caminho dele se cruza com o de seu filho, Ford (Aaron Taylor-Johson), uma espécie de Jesse Pinkman do exército. Ford se vê obrigado a resgatar o pai da prisão no Japão, uma vez que este havia invadido a zona de quarentena (imposta ao redor da usina nuclear) em busca de seus antigos pertences e arquivos.

Joe Sr. White convence o filho a invadir novamente a área isolada: Ford topa e lá, eles são pegos novamente; desta vez por agentes da Monarch. O Dr. Serizawa logo percebe que Joe tem conhecimento da situação e sinaliza para uma cooperação. Infelizmente não há tempo: uma criatura, que se alimenta de radioatividade, desperta e um novo caos se instaura, desta vez a nível mundial.

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Oh, e agora quem poderá me defender?

A tal criatura que se alimenta de radioatividade e que escapou do casulo não era, pra minha surpresa, o Godzilla, e sim, o M.U.T.O. (Massive Unidentified Terrestrial Organism). Ele se locomove pelas cidades, levando destruição, mortes e tudo aquilo que a gente está acostumado a ver em filmes desse tipo. O MUTO se alimenta de energia nuclear e sai atrás de outras usinas para saciar a fome.

A coisa fica ainda pior quando outro MUTO aparece na história, ou melhor, a Sra. MUTO. Eles precisam acasalar, e para satisfazerem o desejo mais primário das criaturas, eles assolam cidades inteiras duranter o processo.

Não havia o que ser feito, não havia esperança, não havia luz no fim do túnel. Oh, e agora quem poderá me defender? Euuuuuuuuuu… Godzilla, a resposta da natureza!

A batalha entre as criaturas se desenrola em paralelo aos dramas de Ford, que teme pela segurança de sua esposa Elle (Elizabeth Olsen) e de seu filho Sam (Carson Bolde) que estão em São Francisco (destino final dos monstros) e, ao mesmo tempo, precisa ajudar o exército a armar (e desarmar) ogivas nucleares. O final do filme é apoteótico e surpreendente; ele foge um pouco do comum a filmes desse tipo, o que é uma agradável surpresa.

Pitaco Final

As excelentes atuações de Bryan Cranston e Ken Watanabe (que fala “Gojira” no bom e clássico japonês) dão bastante peso dramático ao filme. Nesse tipo de cinema, raramente temos construções elaboradas deste ou aquele personagem, o que não é o caso aqui.

A partir da metade do filme, o protagonista muda (sai Joe, entra Ford) e o filme cai em dramaticidade. Ken Watanabe vira um mero falador de frases de impacto, o que é uma pena e um ponto negativo para o filme.

Os especiais não são de cair o queixo, e vez por outra você vê alguma computação gráfica meia boca. A trilha sonora é muito boa. Mas o que mais impressiona no filme, em termos técnicos, é a qualidade dos efeitos sonoros; raro um filme chamar a atenção por isso.

A história foge ao clichê e qualidade habituais. Isso faz de Godzilla um filme acima da média, em se tratando de filmes catástrofe. Não é certamente uma obra de arte, mas passa longe de ser só mais um filme de destruição.

Nota 8

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