Os melhores discos de todos os tempos #2: London Calling

Dando seguimento a nova coluna do PlayStorm*, venho falar de um álbum que é figurinha carimbada na maioria das listas de “melhores discos de todos os tempos”: London Calling, dos britânicos do The Clash. Confesso que sempre tive um grande preconceito com eles. Não sei por que algo me mantinha afastado dessa banda que é venerada por público e critica justamente pelo disco que falarei durante esse artigo.

Arrependimento. Essa é a palavra certa para expressar o que senti após ouvir por três vezes seguidas London Calling. Como pude ser tão babaca e não dar pelo menos uma chance aos britânicos? Muita gente falou que eu deveria ouvir. E eu, erradamente, não dei ouvidos (nem aos amigos e muitos menos ao disco). Puta de uma burrice.

Os melhores discos de todos os tempos #2: London Calling

O chamado de Londres

O disco, lançado em 1979, foi o terceiro álbum da banda e o grande responsável pelo sucesso dos britânicos nos EUA. Um disco duplo (com preço de simples a pedido da própria banda) que traz uma sonoridade absurdamente variada, com músicas que vão do reggae até o rockabilly. E a banda passa com maestria por todos esses estilos. Solos muitíssimos bem encaixados, certo ar de cinismo e uma displicência que beira a genialidade.

Começamos com a faixa título, que abre o cd o mostra um The Clash já diferente dos dois primeiros discos. Uma pegada bem mais moderna, mas sem esquecer a guitarra nervosa que a essa altura já tinha virado marca registrada da banda. Em seguida, vem “Brand New Cadillac”, que é uma de minhas preferidas. A pegada totalmente “californiana”, a linha de baixo afiada e a letra divertida fazem dessa música um clássico instantâneo, daqueles que se ouve vezes e vezes seguidas sem cansar.

Salada sonora

O álbum segue como uma verdadeira salada sonora com o típico reggae “Rudie Can´t Fail”, a pegada clássica de “Spanish Bombs” (que lembra demais Ramones) e a Beatles alike “Clampdown”. E não vamos esquecer “Revolution Rock”, que apesar do nome se trata de um reggae dos mais fantásticos. Por um momento posso dizer que esqueci que ouvia um disco de uma banda punk, tamanha é a perfeição na execução do ritmo jamaicano.

O que mais me impressiona no álbum é a facilidade da banda em transitar por vários estilos e sons diferentes. Isso sem soar forçada ou perdida. As linhas de baixo e guitarra são absolutamente fantásticas em todo o disco, fazendo com que esperemos cada solo e acorde ansiosamente. E tudo é tocado (e gravado) com aquele desleixo típico do punk britânico, aquela coisa “porca” que soa bem demais aos ouvidos. E eu, que sempre coloquei os Ramones acima do The Clash, revi bastante meus conceitos após ouvir esse álbum. Sem nenhuma dúvida, esse disco é melhor que qualquer um de toda a discografia dos Ramones. Sim, isso mesmo. Sem mimimi.

Os melhores discos de todos os tempos #2: London Calling

Resumo final

Depois de sentir ódio de minha pessoa, fiquei só aproveitando a audição desse excelente disco. Sem tirar nem pôr, todas as faixas se completam e encaixam. Um disco de dezenove músicas que consegue tal feito, por si só, já merece uma menção. Mas ele vai muito além de agradar. O disco é uma referencia no que diz respeito à musicalidade, ao desprendimento e a diversidade. Eles não se limitaram e fizeram um disco no qual todas as influências pessoais de cada músico gritaram. Sem medo de soar sem identidade, acertaram em cheio, pois identidade é o que não falta.

Não seja babaca como eu. Aceite logo o chamado de Londres e curta um dos melhores discos de todos os tempos.

 

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