Pitacos #13 – As figurinhas da Copa do Mundo

Vamos combinar: a Copa do Mundo perdeu um pouco o seu glamour. Hoje não vemos mais aquela mobilização para pintar e encher as ruas de bandeirinhas, por exemplo. E mesmo o evento em si não é mais motivo de furor nacional como era nas Copas passadas.

Não quero fazer deste texto um manifesto político contra a Copa do Mundo. Não sei dizer se o interesse caiu à medida que subiu o interesse pelas competições de futebol da Europa (em especial a Liga dos Campeões) ou mesmo devido às constantes decepções que o brasileiro sofre com a cartolagem futebolística. Esse, aliás, é um assunto que o stormer-flamenguista-do-trono-de-ferro, Jonathan Miranda, domina muito melhor do que eu.

O interessante é notar que, apesar dos velhos costumes estarem cada vez mais em desuso (que palavra bonita), o hábito de colecionar figurinhas da Copa do mundo voltou com tudo! Em 2010 a febre atingiu mais de três milhões de brasileiros e, em 2014, parece ter voltado com força total.

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Uma brincadeira para todas as idades

Um dos passatempos preferidos na hora do recreio, pelo menos da criançada que estava na escola nos anos 80 e 90, era “bater figurinha”. A competição consistia no seu bolo contra o bolo de figurinhas do amigo e, quem virasse as figurinhas, ganhava o bolo todo (ou todas as que eram viradas).

Não tenho filhos e não sei se o hábito continua. Talvez hoje a criançada prefira ficar sentada na quadra conversando uns com os outros via  Whatsapp, não sei. O fato é que a geração dos anos 80 e 90 cresceu e parece continuar gostando do bom e velho hábito de colecionar figurinhas, mesmo em meio a tantos gadgets e costumes digitais que aniquilam o nosso convívio com as pessoas.

Em 2010, quando fui a um dos “flash mobs” de troca de figurinhas, eu vi de tudo: Adultos na faixa dos 30 anos (eu incluso), adolescentes, senhores, crianças, pais e filhos (estátuas e cofres e paredes pintadas) e até, pasmem, idosos. Tudo rolando numa boa, num alto astral incrível. A febre em 2010 era tanta que eu andava com meu bolo de repetidas no bolso. Lembro de uma vez que fui à casa de um amigo: estacionei o carro e, no trajeto entre estacionamento e apartamento, me deparei com uma galera trocando figurinhas. Não deu outra: me atrasei para o compromisso e lancei um “já to subindo, deixa eu terminar um esquema aqui”.

E agora?

Em 2014, percebo a febre está voltando com tudo: Meus amigos, em sua maioria, compraram o álbum (inclusive o pai de um deles). Nas redes sociais, vejo conhecidos também aderindo à febre: desde consultores a médicos, todo mundo quer “brincar” um pouco com as figurinhas da Copa.

É claro que tem gente que leva o hobby às últimas consequências: é o caso do jovem Lucas Rodrigues (leia aqui), estudante de educação física de Praia Grande, que gastou um barão para completar o álbum! Isso mesmo. É claro que ele vende as repetidas e ganha um troco com isso.  Exagero ou esperteza? Julgue por si só.

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Dicas para você que vai colecionar

Colecionar figurinhas é muito mais do que simplesmente ir até a banca e colá-las no álbum. Você vai precisar se organizar, catalogar e trocar. Aqui vão algumas dicas importantes pra você que vai começar a sua coleção (falou o manjericão das figurinhas).

Antes de tudo, é importante que você escolha o álbum a ser completado. Isso mesmo, caro leitor. Nesse ano, foram lançadas duas versões do álbum: a versão normal (para nós, pobres mortais) que é a que está disponível nas bancas e custa R$ 5,90 e a versão “luxo”, disponível nas livrarias, que conta com capa dura e pode ser comprada por módicos R$ 24,90.

Outra dica fundamental: se organize. Para trocar os cromos (ui) com rapidez, é imprescindível que você tenha em mãos uma lista das figurinhas repetidas e outra com as figurinhas que você ainda não tem. Isso facilita muito o seu trabalho, principalmente se você estiver em um local de trocas, onde tudo acontece muito rápido. O método tradicional continua sendo o bom e velho papel, seja à mão, seja com uma planilha de controle impressa. O que vale é ter a lista em mãos pra facilitar a sua vida.

No celular!

Agora, se você é do tipo que não larga o seu Android ou iPhone nem por decreto, uma boa dica é usar o aplicativo Panini Collectors, disponível na AppStore e na Google Play. Com ele você pode organizar a sua lista de forma bastante ágil: você inclui a lista de figurinhas que você já tem e, caso tenha mais de uma, ela vai automaticamente para a lista de repetidas. Se você for do tipo tecnológico, que acredita que alimentar listas é coisa ultrapassada, não precisa chorar: existe a opção de “reconhecer” as figurinhas com a câmera do celular (tipo um scanner de reconhecimento facial). Assim que são reconhecidas, elas já aparecem na sua lista. Se for repetida, o aplicativo pergunta se você deseja incluí-la na lista de…repetidas, é claro.

Eu usei esta opção e posso assegurar que o funcionamento é bastante eficaz: das cerca de duzentas figurinhas testadas, apenas duas não foram reconhecidas. Neste caso, basta fazer a adição manualmente. Agora, se você possui um Windows Phone, o jeito é usar o papel mesmo (desculpem, não resisti).

A dica final é: descubra um lugar para troca de figurinhas. Normalmente, as próprias bancas indicam o lugar mais próximo. Caso você não saiba de nenhum lugar, recorra ao facebook. Eventos e comunidades de troca estão lá, aos borbotões.

Pitaco Final

O hábito de trocar figurinhas da copa do mundo é extremamente saudável. Você vai se socializar e vai se tornar um cara organizado por alguns meses. É uma coisa que não custa caro. Além disso, é a oportunidade de se tornar parte de algo que só acontece a cada quatro anos. Esqueça um pouco o fato da Copa no Brasil estar repleta de denúncias de corrupção ou que o tal “legado da Copa” seja uma mentira. Aproveite, brinque e relaxe um pouco.

E lembre-se: estou esperando sua lista de repetidas!

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