Pitacos #16: Watch_Dogs, quatro meses depois

Passados quatro meses, o que dizer de Watch Dogs? Um grande jogo, um fiasco? Pensando em como responder a essa pergunta, resolvi mergulhar a fundo no jogo durante algumas semanas.  Fiz todas as missões, missões secundárias, desafios, jogos onlines, minigames, etc.

Depois de “platinar” o game, resolvi escrever esse texto. É hora de passar a régua em Watch Dogs.

Onde foi que eu errei

Nada é mais óbvio do que a comparação entre Watch Dogs e seu concorrente direto: GTA V. Essas comparações, inclusive, foram estimuladas pela própria Ubisoft, que chamou GTA pra briga. O problema é que essa briga, ao meu ver, é muito desigual, afinal de contas, são 265 milhões de dólares em GTA contra “meros” 65 milhões pra Watch Dogs. Nocaute na certa, e que talvez explique o porque de Watch Dogs oscilar tanto. O problema é que as oscilações negativas ofuscam demais o que o jogo tem de bom, e isso beira a tragédia. Vamos a elas?

Começo com a tragédia das tragédias: O modo história. Uma das piores histórias já desenvolvidas pra jogos considerados “de ponta”. Impossível se identificar com algum personagem desse samba de crioulo doido. O personagem principal, Aiden Pearce, é um cara que ora parece do bem, ora sai matando geral – e tudo isso sem um motivo tão impactante assim. Ok, ele perdeu a sobrinha, mas até a mãe da criança (Nicole) parece mais conformada do que ele (o que é um absurdo).

Já os personagens secundários, uma decepção atrás da outra…

O chinês (Jordi, né?) é totalmente sem graça, e aparece randomicamente. Damien é um sequestrador sem culhões. O sobrinho, Jackson, um porre. A mina da Deadsec devia continuar com suas tatoos. Os inimigos passam simplesmente pela história sem grandes impactos (Iraq, Lucky Quinn, Default). Se salvam T-Bone, um hacker bicho-grilo que tem lá seus momentos “quase engraçados”; Bedbug, um atrapalhado comparsa de Iraq e Maurice, que chora mais do que mocinha em novela e acaba convencendo que está, de fato,  arrependido (a investigação dos registros telefônicos é essencial para o entendimento do personagem).

A narrativa em si não consegue cativar em momento algum, os personagens vão e vem e, em dado momento, você sabe que só está jogando aquilo pra terminar logo. Eu não disse que 200 milhões fazem diferença?

A física do game foi alvo de muitas críticas também. Dirigir é algo realmente tenso em Watch Dogs. A evolução do personagem não resolve muita coisa. Seja com XP 1 ou 50, continua chato demais dirigir. A solução é se adaptar ou fazer uso apenas de motocicletas.

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Um pouco de dificuldade

Para chegar ao nível máximo de conquistas, faz-se necessário cumprir as missões secundárias, os desafios, coleções e partidas online no jogo.

A Ubisoft foi generosa nesse quesito: não é necessário fazer milhares de missões pra desbloquear todos os troféus ou conquistas. Algumas side missions são interessantes, apesar de serem repetitivas, vez ou outra.

Vamos a elas:

Contratos de mercenário

Temos que completar 40 contratos de mercenário. Os desafios consistem em levar um veículo de um lugar pro outro em um espaço delimitado de tempo, fugir da polícia servindo de isca por um caminho pré estabelecido ou encontrar um cidadão e mandar esse desta pra melhor. Sem dúvidas, a “isca” é a mais interessante delas. Pelo celular (do jogo), é possível escolher qual contrato você quer, portanto, faça como eu: escolha sempre as “iscas”.

Esconderijos de Gangue

Você deve usar toda a sua habilidade furtiva para deter um número considerável de gangsteres e, ao final, apenas imobilizar o alvo. Fica bem interessante se a dificuldade do game estiver de “difícil” pra cima. São necessárias 20 pro troféu.

Escolta criminosa

Essa dá um trabalho no começo. Você deve interceptar um comboio criminoso e matar (ou imobilizar) o alvo principal. Sem dúvidas, é a side mission mais complexa, pois envolve escolher um bom local, uma boa maneira de bloquear os caras e atacar com as armas certas. A dificuldade também cresce na medida em que nas escoltas finais, os famigerados executores passam a dar as caras com frequência.

Detecção de crimes

Outra side mission interessante. Através do seu poderoso sistema de hackeamento, Aiden consegue prever atividades criminosas. Você deve chegar furtivamente, esperar o criminoso agir. Vale matar ou dar umas cacetadas no vagabundo.

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Trabalho árduo

As investigações são uma categoria de “side missions” a parte. Elas vão sendo liberadas de acordo com o desenrolar da história ou com o hackeamento das torres CtOS. São quatro tipos de investigação. Não cabe detalhar cada uma delas (afinal, todo mundo já jogou Watch dogs mesmo). Algumas são fáceis, outras difíceis. Eu destaco aqui a investigação  “comprador de armas”. Após concluída, uma fase final é liberada e ela, de longe, é a mais complexa e interessante do jogo. São ondas e ondas de inimigos, e morreu no final, volta pro começo; sem dó. Os QR Codes, por outro lado, conferem trabalho a quem decidir decifrá-los. É necessário hackear a câmera certa, no ângulo certo e, por vezes, isso é bem longe do que está marcado no mapa. Pra quem gosta de desafios, é prato cheio.

Os desafios CtOS também dão trabalho, em especial a “invasão de privacidade”. Desafiador e ao mesmo tempo, extenuantemente repetitivo. Nada a se destacar nessa categoria, a não ser a paciência que se faz necessária pra vencer os desafios.

Os minigames

Desafios de xadrez, jogo do copo, Cash Run, Poker. Tais minigames não acrescentam nada ao jogo (e não estão acessíveis no modo online – talvez em free roam no caso do poker). O único minigame que achei interessante é o da bebedeira: com uma mecânica bastante desafiadora, requer horas pra que se atinja o nível máximo. O prêmio é o troféu “lubrificante social”. O minigame requer que você tenha bastante habilidade com botões e manches do controle. Diversão garantida, um dos destaques positivos do jogo.

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O modo online

O modo online só dispõe de quatro opções de jogo: hackeamento online, perseguição online, decodificação online e corrida.

A decodificação online é uma balbúrdia

Dois times em busca de uma chave que, estando em posse de qualquer time que seja, vai de 0 a 100% até ser descriptografada. O time que estiver com a chave em mãos quando ela é finalmente quebrada, ganha a partida. Joguei algumas partidas, é muito confuso e não vale o tempo perdido.

O hackeamento online talvez seja o modo mais legal

Você persegue o indivíduo que, ao tomar conhecimento da invasão, precisa perfilar você antes que a invasão se concretize. É um “esconde-esconde” digital pra nerds e marmanjos. Ainda existe a perseguição online, que é parecida, mas requer só “observação”. O detalhe é que o jogo não avisa quando você está sendo perseguido. Você tem que observar bastante o cenário ao redor para detectar a perseguição.

Sobre a corrida, é o mesmo que encontramos em outros jogos do gênero. Nada a declarar.

Pitaco final

Mesmo com alguns momentos de brilhantismo, Watch Dogs não cumpriu com o prometido. A qualidade do jogo não é o suficiente para justificar o grande hype criado pela Ubisoft.

Ainda assim, há que se destacar a mecânica de “stealth” do jogo. É o que funciona melhor em Watch Dogs: Hackear, visualizar, surpreender, invadir. A interface com o “celular” do Aiden não deixa de ser interessante e o aplicativo para celulares de verdade é muito bem feito.

Nada disso, porém, me tira a certeza de que Watch Dogs até que começou bem, mas jamais vai entrar pra história. Uma pena.

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